sexta-feira, 8 de maio de 2009

Bernardinho prevê "ano de novo pacto" no voleibol


Posto uma entrevista com Bernardinho , um dos melhores treinadores do mundo e seleccionador Brasileiro de voleibol masculino.
Fonte - O Dia

De volta, como está sendo o início de trabalho?
A garotada está chegando aí. Mas ainda faltam quatro jogadores. O Giba perdeu a final lá na Rússia na sexta-feira; o Rodrigão saiu na semifinal na Itália, mas deve ficar uns dias com a família; e tem ainda o Leandro Vissotto e o João Paulo Bravo, que estão na final do Campeonato Italiano. Ainda vou conversar com eles sobre a programação. A rapaziada mais nova deve chegar logo para já ir se colocando no grupo. O André Nascimento pediu dispensa e o Dante está com o filho meio doente (ano passado, o jogador também teve de cuidar do filho, que nasceu com um problema cardíaco e passou por uma cirurgia). Ele tem coisas muito importantes na vida para cuidar nesse momento porque não é um problema de saúde tão simples. Depois, vamos cuidar da parte física dele e seguir com ele, sem pressão.

Muitos convocados já tiveram passagens pela Seleção adulta, mas sem tantas chances de atuar. Como será o trabalho com o grupo?
A idéia é que, daqui a duas ou três semanas, a gente vá para a Europa, para dar uma rodagem maior para esses caras, porque a garotada precisa de quilometragem. Em 2009, será a vez de detectarmos o grupo de 16 ou 18 jogadores que vamos trabalhar nos próximos anos. É claro que se alguém se destacar dos juvenis ou a gente vir alguém que pode chegar, vamos chamá-lo também. Paralelamente, vamos buscar os resultados, tentando nos manter entre os melhores. Em todas as posições, vamos precisar desenvolver jogadores que possam suprir as ausências.

Como você analisa a posição de levantador, com Bruno, Raphael e Marlon? O Bruno parte em vantagem para ser titular?
O Bruno é novo, mas já com rodagem. Mas quero jogadores experientes também para ter respaldo. O Raphael, por exemplo, já esteve com a gente em 2005. É difícil falar em titular agora. Pode até ser uma tendência, mas não há nada garantido. O Bruno pode ter uma condição de largada privilegiada. O Dunga sempre diz que Seleção é momento e há alguns anos o Bruno vem bem. Mas temos que ver também os treinos. É preciso saber jogar e demonstrar isso nos jogos.

O que esperar dos rivais?
Sei que, na nossa chave da Liga Mundial, tem a Finlândia, que vem com o mesmo grupo que foi vice-campeão europeu há dois anos. Mas, entre os favoritos, estão a Rússia, que vem muito forte, os EUA, que também criaram uma boa base e trabalharam muito para chegar onde estão, e a Bulgária. E a Holanda também deve voltar ao topo. São vários candidatos.

O Brasil vai jogar em julho na Venezuela, que já suspendeu um jogo de futebol por conta da gripe suína, mesmo sem casos confirmados. Há uma preocupação, mesmo faltando dois meses?
No momento, não estamos pensando nisso. Lógico que vamos acompanhar com seriedade. Muito mais do que um jogo de vôlei, temos que pensar na saúde do mundo. Mas outras equipes irão jogar lá antes da gente e todos são responsáveis para decidir o melhor.

Você segue no Rio de Janeiro ou fica exclusivo da Seleção?
Continuo lá firme e forte, trabalhando para o desenvolvimento do vôlei. Nunca foi falado nada comigo sobre isso, de ter que ficar só na Seleção.

Como acompanhou, lá dos EUA, o fim do patrocínio do Finasa à equipe de Osasco?
Não quis me meter, ainda mais de longe. Mas, particularmente, acho que temos que agradecer pelo o que o Bradesco e suas afiliadas fizeram durante tantos anos, ajudando inclusive na conquista do ouro olímpico. Eles não são predadores, tanto que vão manter o projeto de base. Da forma como foi comunicada, a fumaça foi maior do que o incêndio. Depois de dois dias, a situação estava revertida, com a ajuda de empresários. No vôlei masculino, vemos algumas equipes com problemas, como a Ulbra e o Minas, que ainda não deu sinal de renovação com os principais jogadores.

O Bruno, mesmo com propostas de fora, se mantém em Florianópolis?
Estão atrás dele, mas ele está convicto e ele deu sua palavra que iria ficar antes mesmo das finais. Ele está feliz onde está, tem crescido e tem todo o meu apoio em sua decisão.

Você conversou com o Marcelinho, que não foi convocado dessa vez e disse ter pedido um tempo da Seleção?
O Marcelinho conversou com o Zé Inácio (preparador físico) e até quero conversar com ele, sem pressa. Mas o momento é mesmo de testar novos jogadores. Ele sabe disso e entende essa necessidade. O Marcelo já tem uma certa idade e talvez também queira um tempo em função de tudo o que viveu. O que houve (a briga entre Marcelinho e o técnico Giovane na Unisul) foi algo interno que não cabe a nós avaliar. Espero que ele se reencontre no mercado de trabalho e que o Giovane continue crescendo como treinador.

Você já conversou com esse grupo sobre esse novo ciclo?
Vai ser um ano de muita ralação e de um novo pacto. Estou esperando o grupo ficar inteiro para conversar isso com eles. Vamos olhar nos olhos e ver quem está disposto a pagar o preço, que será ainda mais alto.

Você pensa em contar com o Gustavo e o Anderson, de alguma forma?
Todos serão chamados. Todos são amigos que vou querer para sempre perto de mim e vou querer que eles estejam por aqui para ajudar a construir algo parecido com o que foi o grupo anterior, já que será difícil fazer igual. Quero que eles estejam juntos para orientar os caras.

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